Vestigios da Humanidade

Este blog é um convite a reflexão sobre a humanidade, seus vestigios, numa arquelogia viva que busca encontrar o que resta ainda da raça humana, cada vez mais robotizada, dotada de uma razão instrumental e redundante, não essencial, restrita ao mero papel de espectadora do espetaculo que protagoniza.

quinta-feira, agosto 03, 2006

diarios de guerra...lideres...

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Não há como negar que a história humana é pontuada pelos seus lideres. E hoje em dia se faz a apologia das "lideranças". Todo mundo quer ser líder ou ser amigo de algum, para "ser amigo do rei" ou "herdar o meu lugar natural"...não sei ao certo o que isso significa para quem vive nesse mundo cada vez mais cheio de informações enganosas e vendedores de milagres a cada esquina. Olho a lista de quem me lembrei e não tenho certeza se gostaria de ficar proximo ou igual a um desses. Santos ou pecadores, vencedores ou "loosers", aclamados ou hereges, a classificação não importa. Estar em movimento com algum desses tipos, ou pretender ser como um deles é que é o negócio. Estímulos não faltam, desde a escola, passando todos os dias na TV, no futebol, no concurso de melhor aprendiz-de-feiticeiro, ou melhor-idolo-cantor, ou melhor-big-brother-sister, ou ainda apenas mais um que passou nos vestibulares da vida pelas faculdades-estagios-trainees-concursos-publicos que nos invadem até a fila do INSS na hora da aposentadoria. Liderar é o espírito. De almas vazias, certamente. De quem morreu e deixa-se invadir por nomes e conceitos e textos decorados de gurus-da-nova-era-tecno-espiritual-do-bem. De quem compra sonhos pay-per-view, quem i-poda-se-a-cada-mp3-novo, quem faz downloads de conteudos na esperança de algo novo, de novo. De quem não sabe o que a história humana tem para dizer acerca dos lideres e seus "sucessos". Nada de coletividade. Nada de agrupamentos humanos. Nada de linguagem comum a uma nação, a uma etnia ou mesmo um gueto. Nada de pessoas, no plural. Ficamos singulares, unicos, clientes "primes".

Pra que?

Ah...para ser líder...de si mesmo...
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Segue abaixo um relato de alguém que considera a liderança algo um tanto preocupante em relação ao comportamento humano. Pra não dizer que eu "não falei das flores"...e mais alguns outros também dizem algo semelhante...enquanto isso lá no Líbano...

Até!
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22 de agosto de 2001 – Revista Exame

As faces do poder
O mais renomado analista junguiano da atualidade disseca a psicologia dos negócios e diz que o drama diário das empresas, com suas lutas e desafios, vitórias e derrotas, forma o mito fundamental de nossa civilização
Cristiane Correa
Quem nunca conheceu um executivo compulsivo por controle, do tipo que quer ser informado de tudo o que acontece na empresa? Ou não teve como chefe um sujeito autoritário e inflexível, que adorava ser temido pelos subordinados? São várias as redes de poder dentro das corporações. Como são várias também as formas que esse poder assume. Considerado o mais importante analista junguiano contemporâneo, o professor americano James Hillman já publicou mais de 20 livros, traduzidos em 10 idiomas. Em Tipos de Poder (lançado no Brasil há poucos meses pela Cultura Editores e Axis Mundi), Hillman lança seu aguçado olhar analítico sobre o mundo dos negócios. Ele não apenas afirma que a economia é o único elemento comum a todas as culturas e povos de hoje como mostra as diferentes manifestações que o poder dentro das companhias pode assumir. Poder - ou, nas palavras de Hillman, o "demônio invisível que dá origem às nossas motivações e escolhas " aparece na forma de controle, prestígio, influência, carisma, liderança, autoridade, intimidação.

Aos 75 anos, casado e com quatro filhos, Hillman é uma espécie de ermitão. Evita fotos, não se comunica por e-mail e vive numa cidade isolada no estado de Connecticut, nos Estados Unidos. Por telefone, concedeu esta entrevista a EXAME. A seguir faz afirmações polêmicas - para não dizer chocantes. Para Hillman, não há poder sem solidão (e uma boa dose de psicose), conceitos como trabalho em equipe podem ser apenas um sonho e o todo-poderoso numa organização está, de alguma forma, além do humano.

O senhor diz que as mentes mais ousadas e desafiadoras hoje estão no mundo dos negócios. Por quê?
Porque os executivos têm de lidar com situações complicadas e que afetam muitas pessoas. Eles têm grande responsabilidade nos desafios que lhes são apresentados atualmente e não têm como escapar disso. Os governos podem escapar. Eles contam com a burocracia, a política. Os governantes sempre podem culpar outras pessoas.

Como o mundo dos negócios interfere no cotidiano das pessoas? O senhor diz que a economia é o único aspecto que liga diferentes povos.
A economia governa nossa vida continuamente: da comida que comemos aos produtos que compramos. Inclusive nas idéias que temos sobre o que é ter sucesso. A economia é a religião do mundo atual. Não que eu ache isso uma coisa boa, mas é um fato. O sutil efeito da economia na consciência das pessoas é o mesmo que a Igreja tinha séculos atrás. A idéia de valor, hoje está ligada a dinheiro.

Essa é a razão pela qual decidiu escrever sobre o assunto? Não é muito comum um psiquiatra se debruçar sobre o poder no mundo dos negócios.
Sim. Eu queria lançar mais consciência sobre essa questão. Não adianta simplesmente atacar o mundo dos negócios. Isso é fácil, porém não ajuda em nada. Só faz com que os homens de negócios fiquem mais duros e difíceis. É o que vimos recentemente acontecer em Gênova (na reunião da cúpula do G-8). É mais importante que os executivos se tornem mais sutis, sofisticados, psicológicos.

Como definir poder?
Não é possível ter uma única definição. É por isso que meu livro se chama Tipos de Poder. A maioria das pessoas associa poder a controle. Este é certamente um tipo de poder, mas não é o único. Mais que isso: ter controle não significa necessariamente ter poder.

Então afirmações como "dinheiro é poder" e "informação é poder" são ultrapassadas e insuficientes para explicar o poder?
Elas são muito simplistas, e qualquer coisa muito simplista é ultrapassada. Complexidade é o segredo hoje. Com o colapso do modelo de masculinidade heróica - que ainda não terminou -, com a diversidade de tecnologias, com a sofisticação do mundo financeiro, com tudo isso não é possível ter respostas simples.

Muitos executivos confundem o poder que vem do cargo que ocupam com um poder próprio. Essa é uma das distorções do poder no mundo dos negócios?
Sim. É também sinal da ignorância que essa pessoa tem em relação ao que os outros pensam dela. Esse é um tremendo enfraquecedor do seu poder. Digamos que os subalternos não gostem de um determinado vice-presidente. Então, esse sujeito pode ser um vice-presidente da porta de sua sala para dentro, mas ele não tem o poder de influenciar as pessoas ou mesmo os bens que a empresa produz. No entanto, é preciso reconhecer o poder que vem do sistema. George W. Bush, o atual presidente dos Estados Unidos, tem um grande poder porque ocupa uma determinada cadeira, apesar de, pessoalmente, ser uma criatura sem nenhuma importância.

Existe um hiato entre o tão falado empowerment e o desejo genuíno que o ser humano tem pelo poder?
É preciso refletir sobre esse "desejo de poder". O que as pessoas parecem querer nos últimos tempos é liberdade. Elas não querem ser oprimidas. O poder acabou se tornando a habilidade de resistir à opressão. Também significa ter controle sobre a própria vida: seu tempo, seu dinheiro, seus relacionamentos. Há ainda um outro elemento que tem aparecido com freqüência ultimamente. As pessoas querem se tornar celebridades. Elas querem fama, reconhecimento, admiração. Mas esse distanciamento entre a busca pela autonomia dos funcionários e o que acontece na prática realmente existe. As empresas ainda são muito hierarquizadas e têm uma cultura que dificulta o controle individual. No entanto, mesmo sem ter o controle individual, um funcionário pode ter influência. Pense em todos os reis e rainhas europeus que tinham pouco controle, mas grande influência. Nos casamentos antigos, a mulher praticamente não podia controlar nada, mas na prática influenciava muito. O que um executivo precisa é descobrir que tipo de poder ele tem, e não ficar restrito ao conceito de que poder é controle.

É possível ter uma combinação de tipos de poder?
Sim, de vez em quando aparecem pessoas que combinam autoridade, carisma e influência, por exemplo. Provavelmente Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil, era alguém assim.

O senhor conhece algum executivo que tenha essa combinação e que, desse modo, seja uma pessoa realmente poderosa?
Jack Welch, o ex-CEO da GE, e o magnata das comunicações Rupert Murdoch parecem reunir essas características. Mas eu não os conheço bem pessoalmente. Não sei quais são suas fraquezas. Quem os influenciou. Além disso, a medida do sucesso ainda se dá por meio de resultados econômicos. Não se levam em conta os efeitos causados ao meio ambiente ou às comunidades. A medida do sucesso para figurões como Jack Welch é simplesmente o resultado financeiro. Um valor único. Essa é uma grande distorção. Nos Estados Unidos começam a aparecer empresas que buscam o que se chama de double bottonline - lucro e responsabilidade social.

O senhor acredita que no futuro todas as empresas vão precisar adotar essa postura se quiserem sobreviver?
É o que esperamos. Mas até agora não há muitos exemplos disso. O que se vê é o capitalismo predatório. O velho "engula ou será engolido".

Por que tantos executivos são tão atraídos pelo poder? Não parece ser apenas pelo dinheiro que ele pode trazer...
Realmente, não. Para algumas pessoas, o motor dessa busca é a sensação de dominação. Para outros, o reconhecimento. Alguns dizem que os baixinhos, como Napoleão, gostam de se sentir poderosos. Há também executivos que se sentem satisfeitos ao conseguir fazer acordos, grandes manobras nas companhias em que atuam.

É possível evitar a solidão do poder?
É preciso lembrar que o poder também se manifesta pelo medo. Há livros que dizem aos executivos que eles nunca serão amados numa empresa, mas é preciso garantir que sejam temidos pelos subalternos. Isso leva ao medo. Pode levar também ao ódio. E é por isso que tantas pessoas no topo tentam ser simpáticas com seus funcionários. O problema é que isso normalmente é tão falso! Esses executivos tentam se aproximar dos subalternos por razões políticas. Eles não querem ser temidos nem querem ficar isolados.

O senhor está dizendo que essa tentat va de se aproximar dos subordinados não é uma motivaçáo genuína?
Eu acho que não. Os executivos só querem manter seus empregos e assim manter o dinheiro, a casa, o barco e todo o sistema. Eu suspeito dessa pseudo-afabilidade. Nos antigos sistemas de poder não havia contato humano. O imperador, o rei, o chefe, estavam mais conectados a Deus do que às pessoas. Isso era parte de ser uma pessoa poderosa. No nosso mundo, o chefe de uma grande empresa não entende essa concepção de que está um passo fora do "humano". O presidente da GE, da Wal-Mart ou de qualquer outra corporação que tenha dezenas de milhares de empregados acaba se tornando não-humano. Ele é o chefe de uma tribo. A Máfia entende o poder dessa forma.

Que tipo de "alucinado por poder" pode trazer mais problemas para uma empresa?
O psicopata é o mais perigoso. Geralmente é o tipo de pessoa que obtém sucesso. Tem charme, entende as necessidades dos outros. Faz o que os outros esperam que ele faça. Mas é completamente inescrupuloso. E, apesar de ter um interior oco, sua casca é reluzente. Por isso não é fácil enxergá-lo. Na verdade, para ter muito sucesso é preciso que a pessoa tenha um quê de psicopata. É preciso deixar de lado sua vida interior - ou não ter nenhuma -, estar sempre disponível, ficar de olho na próxima oportunidade, não importa a que custo. Esse tipo de comportamento acaba com a lealdade, por exemplo. Um executivo pode trabalhar na Ford por 12 anos e chegar à vice-presidência. De uma hora para outra vai parar na Chrysler e certamente trabalhará tão duro quanto antes.

Essa seria outra razão pela qual o conceito de times de trabalho pode ser ilusório?
Sim. No final das contas, você está sempre trabalhando para você mesmo. O que acontece em termos de trabalho em grupo é reunir meia dúzia de pessoas para trabalhar num único projeto. Elas vão trabalhar intensamente em conjunto, fazer suas refeições juntas e podem até se relacionar sexualmente entre si. Esse grupo vai trabalhar como louco. Mas, quando o projeto acabar, ponto final. Não fica estabelecida nenhuma lealdade.

Há algum tipo de poder que não implique subordinação?
O dicionário diz que não, mas eu acho que sim. Autoridade, influência ou carisma não carregam embutido o conceito de subordinação e são formas de poder.

Há algum aspecto do poder nas corporacões que surpreendeu o senhor?
O que surpreende mais são os enganos que governam o mundo corporativo. Se uma empresa lança uma nova pasta de dente, ela tende a acreditar em sua própria propaganda, seus funcionários acreditam que aquele produto é o melhor que existe no mercado. Isso é perturbador. Além disso, as corporaçoes acreditam que estão de alguma forma contribuindo com a sociedade. É muito difícil que os executivos olhem para as sombras provocadas por suas empresas. Só quando há uma manifestação nas ruas, como em Gênova, é que os empresários pensam que talvez exista alguma porção sombria no que eles fazem. Essa visão distorcida afeta toda a corporação e provoca o que podemos chamar de patriotismo corporativo. Essa visão gera empresas que ficam o tempo todo anunciando que são maravilhosas.

Esse patriotismo corporativo parece gerar também uma espécie de "cegueira": empresas que olham apenas para o próprio umbigo e acabam enfraquecidas. Corporacões como IBM, Motorola e Xerox já passaram ou estão passando por isso. Como evitar esse problema?
Com mais arte. Em vez de conferências e seminários sobre como construir times, formar gerentes e líderes, as empresas deveriam dar mais espaço para a arte. Assim, seus funcionários poderiam aprender a ser críticos, reflexivos e criativos. Minha recomendação é: mais cinema. mais teatro, mais poesia.

O senhor acha que isso é realmente possível ou é uma visão romântica?
Tudo é possível.