Vestigios da Humanidade

Este blog é um convite a reflexão sobre a humanidade, seus vestigios, numa arquelogia viva que busca encontrar o que resta ainda da raça humana, cada vez mais robotizada, dotada de uma razão instrumental e redundante, não essencial, restrita ao mero papel de espectadora do espetaculo que protagoniza.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Republica Popular da América – Ano I

Republica Popular da América – Ano I

Hoje, Barack Obama discursou aos membros do colégio eleitoral dos Estados Unidos, o até então chamado Congresso Nacional, com seus deputados e senadores. Ele assegurou que o dinheiro usado para socorrer os bancos falidos, as montadoras falidas, as seguradoras falidas, as agencias de empréstimo imobiliário falidas e os especuladores falidos, que todo esse esforço – caridade com chapéu alheio – será em breve recompensado com o fim da temida crise, mãe da necessidade e parteira de oportunidades para a construção de um futuro melhor e mais sustentável para as futuras gerações.


Daqui para diante, o que temos é um governo de partido único, com seu líder máximo orientando as massas para que o consumo e a produção sigam as regras do Partido, para que tenhamos a felicidade dos povos conforme as vontades expressas pelo Partido, respeitando as normas de bom funcionamento da economia segundo as cartilhas expressas pelo Partido, a fim de que todos os cidadãos “honestos e contribuintes” possam encontrar guarida nos mecanismos de seguridade social administrados pelo Partido, não sendo limitados os esforços de recuperação de todas as regiões do planeta aonde o Partido possa intervir, seja financeiramente ou militarmente.

Eu me congratulo por existir numa época em que não precisamos mais de mitos fundadores da nação, ou do inconsciente coletivo, ou ainda da mistificação das massas, pois temos no Partido a nossa instancia máxima de representação objetiva e substantiva, pois é nas aspirações e potencialidades deste Partido que podemos nos tornar solidários aos esforços coletivos em prol de uma justiça social e nele encontrar respostas para nossas inquietações pessoais e de foro íntimo. Eu posso antever o que teremos no século XXI além de tudo o que poderíamos imaginar, como parte do secular esforço do espírito humano em se fazer emancipar das amarras da ignorância e da mesquinhez de intenções. Neste Partido podemos dizer que temos um líder que realmente - e não idealmente – corresponde aos nossos anseios e expectativas ancestrais, uma vez que este Partido se revela como decorrência natural das vontades dos povos do Ocidente e suas nações ali representadas.

Eu me rejubilo pelo perdão e pela anistia dada aos pais da nação, homicidas de índios, violadores de jovens negras escravas, saqueadores de colonos, sonegadores de impostos, contrabandistas de armas e narcotráficos, agenciadores de prostituição, agiotas com contas em paraísos fiscais, lobistas corruptores de grandes corporações, a todos esses que um dia incorreram no erro de apostar tudo num capitalismo de resultados individuais – segundo a máxima “vícios privados, benefícios públicos” – e que agora estão unidos nesse esforço supra-partidário, além das limitadas concepções de etnia e raça, para que possamos construir um mundo, enfim, igualitário e justo.

Demoramos para compreender nosso papel histórico, depois da queda do muro de Berlim nos tornamos meros consumidores e especuladores, e agora vinte anos depois com a queda do muro de Wall Street, construído de fraudes contábeis e tijolos virtuais de empresas com sede nas Bahamas, podemos enfim perceber que o mundo não é plano e que não há consenso algum sobre finanças nacionais. Não precisamos de países, mas de grandes corporações com sólidos fluxos de caixa e garantias reais na forma de ativos que incluam nossas fragilizadas comunidades onde ainda habitam seres humanos, esses a quem devemos tanto, que um dia começaram nossa jornada evolutiva.

Agora somos pós-humanos, resilientes, auto-realizados, equilibrados em nossos pólos yin e yang, conectados com a mãe natureza, reconciliados com toda a tradição esotérica de milênios que nos precedeu, enfim superamos a dicotomia corpo e espírito, pois somos um só espírito agora simbolizado pelo Partido que nos representa a todos na América, do extremo norte no Alasca ao extremo sul de Magalhães, somos uma só massa a seguir nossos imperativos civilizatórios. Como demorou este dia, desde Cristovão Colombo aportar aqui e agora somos bem mais, na voz única do Partido que nos representa.

Bem vindos ao ano I da Nova Era Popular Democrática Midiática da America.

Que comecem os preparativos para a Era de Aquarius, pois é a esta que nos dirigimos.

América, enfim, destino final das civilizações!