Vestigios da Humanidade

Este blog é um convite a reflexão sobre a humanidade, seus vestigios, numa arquelogia viva que busca encontrar o que resta ainda da raça humana, cada vez mais robotizada, dotada de uma razão instrumental e redundante, não essencial, restrita ao mero papel de espectadora do espetaculo que protagoniza.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Micro-túnel-do-tempo


34 anos atrás houve uma onda de demissões nos EUA comparável a que estamos observando agora. 500 mil pessoas no olho da rua em 21 dias úteis. Mais de 23 mil por dia. Quase 3 mil desempregados por hora, num dia de 8 horas úteis (pois ninguém faz plantão para demitir além do final do expediente). Eu tinha 2 anos de idade em 1974.



Meus pais mal sabiam o que essa onda nefasta poderia lhes causar. Um tsunami a distancia, matando economicamente famílias inteiras em poucas horas. Tudo parecia tão distante e aqui tudo tão bom, com os milicos “pondo a casa” em ordem. Duplo erro de meus pais. O menos grave foi a ignorância do fato econômico.

Agora eu tenho esse tsunami acontecendo e penso comigo: e o futuro de meus filhos, como será? Daqui a 10 anos eles terão uma nova crise da divida externa e um balanço de pagamentos quebrado? Um arrocho salarial e desemprego de dois dígitos nas regiões metropolitanas? Seus pais estarão aposentados sem economias significativas e dependendo de “bicos” e ajuda dos parentes? Estarão obrigados a se submeter a empregos mal remunerados para escapar da falta de opções decentes? Ou ainda na fila do concurso publico buscando a sorte grande do “aspone” bem remunerado?

Não. Estou surtando. Isso não vai acontecer mais.

Meus filhos estão sendo educados para a empregabilidade perene, sendo capacitados nas mais requisitadas competências do mercado de trabalho. Como sei isso? Ora, eu pago aos especialistas nas escolas, os pedagogos e psicólogos, que estão me ajudando a capacita-los em línguas estrangeiras, em micro-computação, em linguagem matemática para decifrar algoritmos e, se preciso, operar no mercado financeiro. Também estou considerando manda-los para intercâmbios no exterior, mesmo que tenham que trabalhar lavando pratos, pois isso equivale a lhes dar duas vantagens: ganhar experiência internacional e maturidade. O mercado de trabalho globalizado lhes permitirá trabalhar em qualquer lugar do mundo, seja em Dubai num canteiro de obras, seja na Nigeria em uma multinacional brasileira, seja na China numa joint-venture, seja num gasoduto na Ucrania ou Bolivia. Certamente, ganharão muito mais dinheiro que eu, pois não perderão tempo lendo os livros escolares obsoletos que eu li, nem os clássicos da literatura que me fizeram perder horas preciosas na minha auto-capacitação. Não precisam mais de Fernando Pessoa, ou Machado de Assis, ou mesmo Camões. Basta-lhes os resumos dos cursinhos ou escolas de ensino apostilado. Mais fácil, mais rápido, mais focados, terão antes dos 30 anos suas próprias empresas, seja viajando pelo mundo, seja pelo Brasil. Mesmo que o país caia de joelhos diante de crises econômicas, eles viverão entre países, vendendo suas competências e habilidades, apresentando uma postura sempre adequada face aos desafios postos pela competitividade e busca da qualidade, sinônimos de oportunidades de empregos para os mais bens preparados. É como aquele ideograma chinês: crise é o mesmo que oportunidade.

E se tiverem crises de consciência em relação à miséria social dos países em que trabalham, basta-lhes um pouco de trabalho voluntario para se sentirem úteis e colaborativos. Se precisarem de religião para preencher o vazio existencial de uma vida toda dedicada ao mercado de trabalho, podem optar pelos livros de auto-ajuda, que customizam as linhas religiosas, compilando o melhor de cada uma. Estarão sempre disponíveis para novas oportunidades, seja no mercado, seja na vida pessoal, convivendo com “vencedores” e pessoas igualmente eqüipotentes a eles, que serão na fase madura formadores de opinião e capacitadores de mão-de-obra qualificada. “Train the trainers”, “coaches” e “leaders”, suas oportunidades serão maximizadas pelo marketing pessoal que desenvolverão em suas redes de networking, dentro e fora de seu trabalho.

Ah...agora estou mais tranqüilo...eu me auto-analiso e percebo que minhas escolhas auto-racionais me bastam e auto-regulam-se para que meus filhos e netos possam se guiar por um caminho seguro, a prova de falhas.

Que bom que vivemos num mundo em que a ignorância dos pais não afetará em quase nada a segurança econômica de seus filhos.

E a política?
Que política?

Eles não precisam se preocupar com esse conceito obsoleto dos séculos anteriores. A policia e as grandes corporações se encarregam disso.

E tudo isso graças aos mecanismos sacrossantos de mercado, que nos garantem os ajustes ótimos em termos de alocação de bens e serviços, emprego e renda ao longo do tempo.

Amém!

(esses surtos meus de crise de realidade...quem mandou me educarem para pensar em termos de políticas sociais e igualdades de direitos. Se eu tivesse a educação correta, como fazem agora os experts em pedagogia, eu nem teria esses lapsos e seria mais prático e eficiente)

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Womanizer

everything now makes sense.

She has all that she wants!

They gave her the most as she would have asked for...

and what for?

Once there was a girl, asking for,

Now there is a woman asked to...

womanized by womanizers

(but let´s think about financial crisis and terrorists riots,

and forget about our children driven by womanizers as they grew up and became adults,

as new womanizers and his womanizeds)

It makes me wonder what are doing here in this planet,

What for so many PhDs and specialists for nothing else than a magnificent Curriculum

a portrait of our mediocrity in face of a real - and urgent - life demands

We are proud of multi-market-world-connected-system, but completely absent of any responsability about kids that are educated to become like us, slept-awaken,driven by images not connected to our selves but automated to serve other purposes, that we call as "freedom of expression".

Looking Britney as once-a-disney-TV-show-girl, I wonder how many kids get lost on this road to success, apart from their very promising beginings...

We should be claimed as responsible for all this disconnection, since from the day one when we assume ourselves as adults.

Or not, just say that we are not adults, but grown up kids, waiting for their parents to return.

Where are the parents of Britney, when she needs them at most?

(buying or selling something on the marketplace, filling resumes to bet for better jobs, or just watching TV and celebrating the hit parade of a new celebrity once known as their little girl, now put on sale)

We are just for sale, but who can buy us?